segunda-feira, 16 de novembro de 2009

TA ACHANDO A VIDA CHATA ???



Essas são as histórias de vida dos pacientes das Casas André Luiz.

Todos são Deficientes Mentais e Físicos.

Serve para aprendermos a dar mais valor a nossa vida!

Todos os Pacientes, utilizam o Sistema Bliss de comunicação alternativa.
Possuem uma prancha com vários símbolos, e através do olhar, expressões faciais e corporais demonstra o que quer falar.
Desta forma são estruturados seus diálogos e elaboradas suas poesias.


Irineu da Costa
Data de Nascimento: 29/03/1974
E-mail: irineucosta@casasandreluiz.org.br







SAUDADES É O QUE ME RESTA
Eu encontro a paz no presente, pois no passado me lembro das pessoas que são os meus familiares.
Gostaria muito de reencontrá-los, sinto saudades; porém, entendo que é difícil, guardo as lembranças dentro de mim.
No passado eu era uma criança e hoje sou uma pessoa melhor; tive que aprender muita coisa durante esses anos, uma delas aprender a conviver com a minha deficiência e outra a não ter maldade no coração, pois não nos leva a lugar nenhum.
Hoje tenho mais consciência das coisas que ocorre comigo e com os outros, por isso me tornei uma pessoa melhor.
Posso escolher o que quero e o que não quero.
Aprendi a respeitar a vida e as pessoas; aprendi a ouvir, a ter espaço para falar o que sinto sem magoar ninguém.Aprendi a dar oportunidade para as outras pessoas, inclusive meus amigos.
Aqui onde vivo, todos me ouvem com paciência e me ensinam a ouvir. Vivemos como uma grande família, onde temos que aprender a dividir e respeitar o espaço do outro. Há sempre uma troca e acho isso importante.
Agradeço a Deus por estar aqui dentro, pois não sei se suportaria o mundo lá fora. As pessoas fora daqui tem medo de nós, deficientes.
Sou feliz aqui a cada dia e procuro sempre dar o melhor de mim.
Um dia desses fiquei acordado, olhando a lua. Estava tão linda.
Fiquei imaginando como a natureza é perfeita e as pessoas que tem mais oportunidades que eu, não olham a vida.
Reclamam e se queixam de tudo; esquecem que tanta gente com dificuldades piores.
Devemos amar o próximo, pois não sabemos do dia de amanhã.
Deus abençoe a todos!

Irineu da Costa
Data de Nascimento: 29/03/1974
E-mail: irineucosta@casasandreluiz.org.br







Ao chegar aqui, com ajuda da minha mãe, eles sempre me deram proteção para enfrentar os obstáculos da minha vida, pois eu era uma criança sem sentimentos e não entendia nada. Aos poucos, eles foram trabalhando meu corpo e eu fui desenvolvendo.
Hoje tenho capacidade de entender tudo melhor devido a ajuda que eles me deram.
Ao chegar aqui foram simpáticos comigo e me ouviram, pois minha mãe veio em busca de socorro porque eu era especial.
Ao deitar, eu ficava me perguntando por que estávamos separados, mas no fundo eu entendi que tudo era vontade de Deus.
No segundo ano que eu estava aqui, eles me deram uma cadeira de rodas que mudou completamente a minha vida. Eu fiquei muito feliz ao vê-la pois sabia que tudo ia melhorar. Antes eu era uma pessoa egoísta e eles me fizeram mudar.
Agradeço a Deus e a todos eles da equipe profissional que ajudaram a desenvolver os meus sentimentos e fizeram eu ter respeito por todos eles.
Agradeço a Deus porque não é fácil encontrar casa, comida, carinho, respeito, onde todos trabalham por nós... e eu encontro tudo isso aqui. Gosto de ficar aqui, pois mesmo sendo interno, eu tenho o privilégio de sair para ir ao shopping, cinema, festas, passeios e recebo presentes, visitas de voluntários, que talvez não receberia se estivesse em casa.
Agradeço a Deus e peço de coração que proteja todos os funcionários e presidentes dessa instituição. Paz e amor no coração de cada um deles.
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Nome: Élcio Dias Leite
Data de Nascimento: 08/08/1962
E-mail: elcioleite@casasandreluiz.org.br







Meu pai trabalhava na radio Record. Lembro que minha mãe tomava remédio pro coração. Somos 5 filhos no total.
Lembro que meu pai bebia muito e batia na minha mãe.
Em junho de 1969 minha mãe conversou com um médico na igreja e ele falou sobre as Casas André Luiz. Neste mesmo ano, minha mãe me trouxe aqui. Lembro que eu chorava pois meu coração doía muito de saudade da família.
Lembro que no dia oito de agosto de 1980 fui para casa da minha avó. Lembro que nesse dia meu pai bateu na minha mãe e minha avó colocou a minha mãe na rua.
Lembro das viagens que fazia com a minha mãe...
Lembro da viagem que fiz com a minha irmã para a praia...
Lembro dos nascimentos das minhas sobrinhas...
Lembro que minha mãe conversou com um médico e pediu uma cadeira de rodas porque eu era pequeno e não andava...
Sonho sempre com minha mãe. Meus irmãos vêm sempre me visitar. Minha sobrinha é muito importante na minha vida.
Quando eu era mais jovem, sentia muitas saudades da família, queria estar próximo deles.
Aqui encontrei vários amigos, pessoas que cuidam de mim. Agradeço a Deus por estar aqui. Peço em oração paz nos corações dos meus irmãos, sobrinhos e amigos.
Hoje me sinto forte para enfrentar a vida e as dificuldades que enfrento
élcio Dias Leite comunica-se utilizando o Sistema Bliss de comunicação alternativa.
Possui uma prancha com vários símbolos, e através do apontar, de expressões faciais e corporais demonstra o que quer falar.
Desta forma são estruturados seus diálogos e elaboradas suas poesias.
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Nome: José Roberto Bueno
Data de Nascimento: 08/05/1961
E-mail: josebueno@casasandreluiz.org.br







Eu nasci dia 8 de maio de 1961; minha mãe era adolescente quando engravidou. Tentou abortar aos 2 meses; tomou vários medicamentos e os médicos alertaram que eu poderia nascer “cego e mudo”.Ela começou a odiar a vida por causa da gravidez, tentando fazer o aborto. Ao nascer, ela arrependeu-se do que fez pelas conseqüências que os remédios causaram, pois nasci deficiente.
Até 1 ano de idade, eu dormia em uma cama de tábua, pois não tínhamos condições financeiras; minha mãe trabalhava em uma casa de família e eu ficava com a vizinha. Quando eu tinha 3 anos, ela engravidou do meu irmão. A situação tornou-se mais difícil, meus pais brigavam. Meu pai começou a beber e perdeu o respeito pela família; dormia nas ruas com outras mulheres.
Aos 4 anos, era muito difícil para mim, ver aquela situação da minha mãe, sem dinheiro para sustentar a mim e o meu irmão. Me lembro que ficávamos mais na casa da vizinha do que na minha casa, ficávamos juntos aos finais de semana. Minha mãe conversava comigo, dizendo que eu precisava ser muito forte para enfrentar a minha deficiência e as dificuldades da vida.
No dia 5 de janeiro de 1968, minha mãe me trouxe para as Casas André Luiz para ser internado, chorei muito.
Na adolescência, me disseram aqui que eu tinha uma cabeça muito boa e algumas pessoas tinham medo das minhas idéias e do meu comportamento, pois era muito inteligente.
Minha mãe vinha me visitar e me contava como estavam meus irmãos; lembro-me que chorava muito quando ela ia embora. Em agosto de 1982, minha mãe faleceu de câncer.
Meu pai quase não me visitava, e quando vinha, não demonstrava nada, parecia uma “pedra”. Após 10 anos sozinho, descobriu que estava com câncer.
Hoje a minha família está mais unida, meus irmãos me visitam e eles construíram suas famílias. Só tenho que agradecer a Deus, por tudo que tenho hoje, pelos cuidados que recebo, pelos meus amigos e por todos os profissionais da Casa.
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Nome: Wilson Pereira Louback
Data de Nascimento: 26/02/1958
E-mail: wilsonlouback@casasandreluiz.org.br







Eu nasci dia 26 de fevereiro de 1958, no estado de Minas Gerais.
Minha mãe teve 9 filhos, mas quatro faleceram e hoje somos em cinco, sendo três mulheres e dois homens.
Perdi minha mãe quando tinha seis anos de idade. Meu pai também faleceu, mas eu não sei quando, pois estava afastado da família.
Depois que minha mãe faleceu eu fiquei jogado; sem cuidados e passando até fome, pois meu pai foi cuidar da vida dele e meus irmãos também.
Mas Deus não desampara ninguém! Eu tenho uma irmã que trabalhava numa casa de família em São Paulo e seus patrões notavam que ela não comia direito, emagreceu muito e só chorava. Pensaram que ela estivesse doente ou grávida e procuraram saber o motivo de tanto sofrimento. Foi quando ela contou que eu estava em Minas Gerais, passando necessidade e sem ninguém pra cuidar de mim.
Minha irmã Faustina trouxe a patroa dela, D. Lucilla, e seu esposo para me conhecerem e eles ficaram comovidos com a minha situação. D. Lucilla me trouxe para São Paulo para me internar nas Casas André Luiz.
Eu agradeço muito a Deus por ter colocado essas pessoas no meu caminho, e hoje eu lembro de como fui bem tratado. Cuidaram muito bem de mim.
Vim pra cá com 6 anos. Cresci aprendendo e já passei por muitas situações, conheci muitas pessoas, tenho muitos amigos, participo das festas de final de ano e sou um dos Papais Noéis no Natal.
Trabalho no CEPE aqui dentro da casa, faço orações para meus irmãos necessitados; na T.O. faço trabalho de pintura e participo do jornal que é editado e feito por mim e vários internos. Já tive aula de música, tinha uma banda na qual eu compunha músicas para várias ocasiões (festa dos padrinhos, Natal e outros eventos).
Com toda a convivência que tive e tenho aqui, aprendi a gostar das pessoas que falam as coisas olhando no rosto das pessoas. Falar pelas costas é muito feio.

Fonte: http://www.andreluiz.org.br/blog/

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